27.3.08

Boys don't cry

Tem dias que eu odeio ser menina.
Menina é o ser mais emo do universo. Nenhum cara emo é tão emo quanto a menina mais durona que existir.
Meninas se emocionam em propaganda de margarina (eu não podia com aquelas da Qually que mostravam o casal se conhecendo no mercado, conhecendo a família um do outro, ficando noivos, etc....), em filme de guerra, ouvindo a pior música pop já feita, vendo trailer no cinema.
Meninas sentem nó na garganta quando vêem criança pobre na rua, cachorro atropelado na estrada, gente com cara de desespero no jornal.
Meninas derrubam lágrimas ao ver o Brasil ganhar medalhas nas olimpíadas, seus pais pulando de alegria por causa do gol que o time fez, ou alguém fazendo um discurso de agradecimento na entrega de um prêmio.
Por falar em prêmios, meninas choram de orgulho também. Quando alguém a sua volta consegue um emprego, uma promoção, ou se forma na faculdade. Dar a notícia de noivado pras amigas é receita certa pra gritos histéricos+choro. Anúncio de gravidez, nem se fala.
Enfim, ser menina as vezes é meio desidratante. Mas é tão divertido poder fazer tudo isso e ainda ter a desculpa de "mulher é assim mesmo" que compensa a grana dos kleenex de bolso e as garrafas de água sempre ã mão.
Pensando bem, acho que é bem bom ser menina.

13.3.08

Obstacle 1

Já vou avisando, essa postagem soa meio emo.
Há tempos venho tentando encontrar explicações racionais pra sensações que eu tenho. E acabo sempre meio frustrada, porque como dizia meu professor de redação do terceirão, a mensagem da transmissora aqui não chega do jeito certo ao(s) receptor(es) aí.
Ano passado eu vivi um momento incrível que esperava desde que instalaram a TV a cabo na minha casa, lá no início dos anos 90. Naquele tempo, o Eurochanel já tinha bons progamas de música. E todo fim de ano eles transmitiam algum dos festivais do verão Europeu. Naquela época já sonhava em estar lá, no meio de tanta gente que como eu, entra em transe no primeiro acorde de uma música.
Depois de todo esse tempo, uma longa e estressante viagem, e um safado no e-bay, chegou a minha hora de estar de fato ali. Chegamos na fila, debaixo de um calor carioca na Inglaterra, pegamos nossas fitinhas de entrada e mergulhamos em um gramado de gringos doidos, pratos de comida e copos de papel. Tendas se estediam a nossa frente e lá no fundo um imenso de um palco, como eu nunca tinha visto antes.
Nesse momento eu chorei. Chorei de escorrer lágrimas pelos olhos, sem conseguir evitar. Daquele jeito que não dá pra explicar como ou porque isso acontece. Eu devo de fato ter parecido uma idiota, mas era impossível não me emocionar.
E durante os 3 dias do Reading, isso se repetiu por diversas vezes. Acho que eu vou passar o resto dos tempos ouvindo as 85 mil pessoas que estavam lá cantando toda vez que o Arcade Fire tocar o "o-o-ooo-oo-o" do Wake Up no meu som. Acho que vou ligar pra sempre a imagem de um pôr do sol laranja com uma guitarra triste, quase resmungada, e a voz do Paul Banks entoando os primeiros versos de Pioneer to the Falls quase como veludo.
Foi o que aconteceu ontem, de qualquer maneira. Depois de passar 6 horas no que parecia um touro mecânico de rodas, e tomar toda a chuva, e me sentir a cada segundo mais resfriada, aquela sensação do pôr do sol voltou. Veio o frio esquisito na barriga, a tremedeira de Mal de Parkinson e o nó na garganta que me impediram mais uma vez de acompanhar uma das músicas mais bonitas de 2007.
Vejam, estou falando da minha percepção. O Via Funchal recebeu ontem um dos mais bonitos concertos que vai receber em sua história. Quatro excelentes músicos, acompanhados de um tecladista que eu não sabia que existia, fizeram um belíssimo espetáculo. E a platéia devolveu a altura, até mesmo em músicas como Hands Away e Lighthouse, que facilmente poderiam ter feito o público entrar num transe autista coletivo.
Em poucas palavras, tentando achar algum resquício de eloquência em mim, o show do Interpol ontem foi absurdo, inexplicável. Esqueça dos problemas de som que a casa apresentava, esqueça a comparação (idiota) com o Joy Division, esqueça tudo o que você já tem pré-concebido na sua cabeça. Só sinta a música. Quem sabe daí a minha mensagem chegue direito a você.

5.3.08

Today

Há alguns anos, quando eu ainda era uma mera estagiária com bolsa de parcos R$260 por mês, o cinema era um vício. Ia pelo menos uma vez por semana, não perdia nenhum filme que queria de verdade ver. Pelo menos toda quinta, quando o ingresso de estudante era pago com moedas, e a pipoca de microondas vinha quentinha escondida na mochila.
Nessa época, saía de quarta a sexta, a entrada custava no máximo R$3 (geralmente nem pagava entrada) e bebia skol, por ser mais barata mesmo. O trajeto bar-casa/casa-bar era feito a pé, taxi era desperdício e carro luxo. O meu guarda roupa era basicamente comprado na CeA, meus almoços raramente eram mais que o x-salada da Curitiba (com muita mostarda pra ajudar a forrar o estômago), e as jantas antes da aula rolavam no Yu, aonde comprando um refrigerante era permitido comer todo o sushi que coubesse em você.
Eu era esperta nessa época. Acabava todo o mês com algum dinheiro na conta.
Ok, eu sei que hoje sou mais exigente e gosto de determinados confortos que meu salário me proporciona. Mas a questão é que eu me divertia bastante com toda essa pindura, sabe?
As vezes sinto falta de quando eu era mais simples.

1.3.08

Pressure Point

Há alguns meses eu ganhei meu primeiro computador. Quero dizer o MEU computador. Ele veio de herança do meu irmão, que o usava no trabalho. Meu irmão trabalha com cinema, o que quer dizer que a máquina tinha que ser realmente batuta.
E é. Eu não entendo muito dessa história de configurações, velocidades e todos os bagulhos que vinham com ele, mas o que me convenceu de que o presente era bom de verdade foi quando meu irmão disse - "Ele tem 500 giga de memória. Você pode baixar o planeta que ele não vai ficar lotado". E vou dizer que na hora até acreditei, mas é bem fácil baixar seus primeiros 100 gigas, então ele provavelmente não estava tão certo assim.
O ser humano e sua insatisfação constante.