13.3.08

Obstacle 1

Já vou avisando, essa postagem soa meio emo.
Há tempos venho tentando encontrar explicações racionais pra sensações que eu tenho. E acabo sempre meio frustrada, porque como dizia meu professor de redação do terceirão, a mensagem da transmissora aqui não chega do jeito certo ao(s) receptor(es) aí.
Ano passado eu vivi um momento incrível que esperava desde que instalaram a TV a cabo na minha casa, lá no início dos anos 90. Naquele tempo, o Eurochanel já tinha bons progamas de música. E todo fim de ano eles transmitiam algum dos festivais do verão Europeu. Naquela época já sonhava em estar lá, no meio de tanta gente que como eu, entra em transe no primeiro acorde de uma música.
Depois de todo esse tempo, uma longa e estressante viagem, e um safado no e-bay, chegou a minha hora de estar de fato ali. Chegamos na fila, debaixo de um calor carioca na Inglaterra, pegamos nossas fitinhas de entrada e mergulhamos em um gramado de gringos doidos, pratos de comida e copos de papel. Tendas se estediam a nossa frente e lá no fundo um imenso de um palco, como eu nunca tinha visto antes.
Nesse momento eu chorei. Chorei de escorrer lágrimas pelos olhos, sem conseguir evitar. Daquele jeito que não dá pra explicar como ou porque isso acontece. Eu devo de fato ter parecido uma idiota, mas era impossível não me emocionar.
E durante os 3 dias do Reading, isso se repetiu por diversas vezes. Acho que eu vou passar o resto dos tempos ouvindo as 85 mil pessoas que estavam lá cantando toda vez que o Arcade Fire tocar o "o-o-ooo-oo-o" do Wake Up no meu som. Acho que vou ligar pra sempre a imagem de um pôr do sol laranja com uma guitarra triste, quase resmungada, e a voz do Paul Banks entoando os primeiros versos de Pioneer to the Falls quase como veludo.
Foi o que aconteceu ontem, de qualquer maneira. Depois de passar 6 horas no que parecia um touro mecânico de rodas, e tomar toda a chuva, e me sentir a cada segundo mais resfriada, aquela sensação do pôr do sol voltou. Veio o frio esquisito na barriga, a tremedeira de Mal de Parkinson e o nó na garganta que me impediram mais uma vez de acompanhar uma das músicas mais bonitas de 2007.
Vejam, estou falando da minha percepção. O Via Funchal recebeu ontem um dos mais bonitos concertos que vai receber em sua história. Quatro excelentes músicos, acompanhados de um tecladista que eu não sabia que existia, fizeram um belíssimo espetáculo. E a platéia devolveu a altura, até mesmo em músicas como Hands Away e Lighthouse, que facilmente poderiam ter feito o público entrar num transe autista coletivo.
Em poucas palavras, tentando achar algum resquício de eloquência em mim, o show do Interpol ontem foi absurdo, inexplicável. Esqueça dos problemas de som que a casa apresentava, esqueça a comparação (idiota) com o Joy Division, esqueça tudo o que você já tem pré-concebido na sua cabeça. Só sinta a música. Quem sabe daí a minha mensagem chegue direito a você.

4 comentários:

André disse...

Leeeegal!

Anônimo disse...

eu senti isso uma vez. o mais fantástico é que senti isso pela tv.

encontrei você pelo são google.

(ps. não ache oportunista. mas encontrei um post seu falando sobre problemas com a câmera do telefone. de onde eu deduzo que é um sony ericsson. como você conseguiu resolver seu problema?)

g. disse...

o pior é que não resolvi....

Anônimo disse...

Pô, Ge! Atualiza aí!! Agora que eu entro regularmente aqui vc demora pra atualizar... Bjoooo, flor