28.2.07

Wish you were here


Ando com saudades de coisas que não têm mais volta. Queria a casa da minha avó lá de São Paulo. Ficar no pátio com a mangueira ligada sendo observada pelos gatos que queriam chegar nos potes velhos de margarina cheio de sobras que ela deixava pra eles. Tô sentindo falta daquele barulho de fundo da cidade que parecia ao mesmo tempo tão longe e tão perto. Do friozinho da sombra da árvore de pitanga. Do chão áspero de concreto que ralava meu pé.

Queria as tardes de sábado no salão de festa do meu amigo criando o mais novo curta merecedor de um Oscar. Montando cidades de Lego e vendo elas serem cuidadosamente desmontadas num tombo do mais estabanado. Fazendo videoclipes dublando músicas que jamais tinha ouvido.

Queria as tardes para matar aula do cursinho jogando War. Meus pais viajando e a minha casa virando um albergue. A tentativa frustrada de descobrir o que é Tequila. Os casos secretos dentro do meu grupo de amigos. As cartinhas entre as meninas falando, é claro, sobre os meninos. Faz falta pegar dois ônibus pra ir na casa que tinha piscina e cinema.

Queria o frio na barriga de toda vez que eu encontrava o menino que eu amei. Da surpresa da primeira vez que ele me beijou. Os dias em que eu pensei que ele me amava também. As coisas fofas que ele fazia sem perceber. Sinto falta até das vezes em que ele me partiu o coração.

Queria as festas da faculdade nos lugares onde eu jurava que nunca ia por o pé, mas ia do mesmo jeito. A venda insuportável de ingressos, que acabavam sempre na minha mão. As fofocas na segunda-feira sentada na cantina. Os comentários ácidos que faziam escorrer veneno no canto da minha boca e as risadas que quebravam a maldade.

Queria ser inocente mais uma vez e voltar acreditar que um dia as pessoas seriam iguais e todos teriam direito a tudo o que fosse necessário a uma vida digna. O tempo em que eu acreditava que conseguiria mudar o mundo. Em que estudar Direito era uma questão de honra e Direitos Humanos era o nome da minha matéria preferida.

Como a gente descobre o exato momento em que perdeu a inocência? O dia em que o preto e o branco passaram a ter milhões de tons de cinza entre eles. Me pergunto se é possível voltar a ser daquele jeito e ver o mundo de uma forma intensa, porém leve. Urge deixar de ser chata e começar a ver graça, mistério em tudo ao meu redor de novo.

26.2.07

I'm shipping up to Boston


Uma coisa que eu não faço há algum tempo é falar/escrever sobre cinema. Quando eu era mais nova, vivia de cinema. Acordava, comia, respirava cinema. Mas daí todo mundo cresceu, algumas paredes me foram postas e a minha opinião nunca mais pareceu relevante e eu preferi simplesmente parar de falar e ler sobre o assunto.
Mas hoje eu vou quebrar essa minha regra.
Fiquei tão feliz com o Oscar de ontem. Não como um todo, porque acho que assisti a uns 2 filmes de todos que estavam concorrendo (e a culpa não é minha, mas desses horários rídiculos que são progamadas as sessões em Curitiba, sem contar o fato de filmes ficarem em cartaz por algo em torno de 2 semanas). Mas enfim, fiquei feliz pelo Scorsese e por seu filme como não ficava há tempo.
Não me considero a maior fã dele no mundo. Não sei até hoje se gostei de seus dois últimos filmes. Mas The Departed me fez ter aquela sensação de viagem no filme. Sabe, aquela que a gente tem quando lê um livro legal, ou vê um filme que conecte com seu imaginário de forma que enquanto ele dura, você está vivendo a vida das personagens. Por duas horas as pessoas são suas conhecidas, a cidade é a sua casa e a história faz parte do seu cotidiano. Enfim, lembro de ter saído do cinema pensando "mas eu não queria que o fulano morresse" como se o fulano fosse um cara que eu visse todo dia. Essa sensação. Eis a mágica.
Não sei dizer categoricamente se o filme é bom ou ruim. E na verdade acho um saco esse tipo de discussão hoje em dia. Mas ele funcionou pra mim, e é isso que me importa. Pode ser que não funcione pro meu pai ou prum amigo meu. Não faz diferença, e talvez essa individualidade que eu senti seja importante pra eu gostar ou não de um filme (digo isso no sentido de que acredito que pouco me importa o que o José Wilker, o Papa ou o padeiro da esquina pensem a respeito, a experiência é só minha).
Enfim, assim que sair na locadora, tente assistir. Pode ser que você seja transportado como eu.

21.2.07

Marcha da Quarta Feira de Cinzas


Meio sem o que escrever hoje.
Essa música tá na minha cabeça desde que comçou o carnaval e finalmente ela é pertinente. Quando eu era criança, ela era uma das minhas preferidas, e a letra é fantasticamente (uhu neologismos!!!) perfeita pra aquela sensação de cansaço e saudade que dá no único dia de meio expediente do ano.
Tô bem feliz que o carnaval finalmente passou.

13.2.07

Killing in the Name


Sequência de fotos tiradas da galeria de imagens da folhaonline nos últimos 7 dias.

Indonésia

Brasil

Estados Unidos

Coréia do Sul

Cisjordânia

Iraque


Líbano

Por algum motivo já não tô tão preocupada com o relatório de aquecimento global.

7.2.07

Apples + Oranjes


Meu pai costuma dizer que o "se" é um universo de possibilidades. A minha cabeça anda um universo de "ses".
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Smashing mostrando um monte desses condicionais na minha cabeça agora.