9.8.06

When I grow up


Muito do que eu sou hoje é completamente compreensível quando eu paro pra pensar na minha história preferida quando criança. Não só nela, mas como em todas que foram descobertas naquela época, já que a quantidade de contos contados, lidos ou presenteados por meus pais criaram em mim um mundo fantástico e de sonhos que até hoje me envolve, o que não apenas favorece o fato de eu viver no mundo da lua como também aumenta as minhas frustrações com a vida adulta e real.
Mas análises à parte, em noites como a de hoje, quando a lua completamente cheia envolve o ar e o céu que enchergo pela janela do meu quarto desde aqueles tempos, eu vestia a minha camisola azul, prendia meu cabelo em um meio-rabo e esperava fervorosamente por Peter Pan, e a incrível viagem à Terra do Nunca.
Perdi as contas de quantas vezes li esse livro. Sabia todos os diálogos. Batia palamas pra salvar a Sininho. Ficava ansiosa quando ouvia (sim, ouvia) o tic-tac do crocodilo chegando perto do navio do Capitão Gancho. E como eu detestava esse cara...
Mas o engraçado é que só hoje, muitos anos e muitos centímetros de altura depois, entendi qual é o problema desse pobre coitado. Não era tristeza pela mão comida, ou pelo relógio que ainda funcionava, mas simplesmente pelo fato dele funcionar! O crocodilo nada mais era do que o tempo tirando pedaços do adulto, até que por fim o comesse por inteiro. Eu acabei com o mesmo temor do Capitão Gancho, e dessa vez acho que vou ser mordida nos fundilhos, bem como no desenho do livro que guardo até hoje!
Enfim, esse post surgiu de uma noite enluarada, fotos de criança e um filme adorável de como poderia ter sido o nascimento dessa história tão incrível. Se tiver tempo, alugue "Em busca da Terra do Nunca", acho que vale a pena.
ps. Até hoje não sei como termina o livro. Ficar lá pelas últimas páginas e ainda na terra de Peter Pan e dos Garotos Perdidos sempre foi mais divertido.

Um comentário:

André disse...

Ah, legal a interpretação do medo do Capitão Gancho. Total. E compartinho com o bandido essa neura de um tempo assasino, cruel e violento.

Apesar de minha vida "adulta" não ser de frustrações, me apavoro com a velocidade que ela chega e devora o que agora é passado.

Infelizmente não gostei de Em Busca da Terra do Nunca e aconselho, Peixe Grande. Os dois são bem similares em vários aspectos, porém a película de Tim Burton me tocou muito mais. Seja pela direção de arte bem mais trabalhada ou pela visão realmente apaixonada pelo fantástico e pelo mundo das possibilidades e sonhos. Em Big Fish, tudo se mistura num conto-de-fadas onde o limite entre real e irreal simplesmente desaparece. Tal qual minha vida "adulta".