Brasileiro é um tipo estranho. Que gosta de reclamar. Que gosta de futebol. E que gosta de reclamar sobre futebol.
Ontem, na estréia da seleção na copa, provavelmente o jogo mais antecipado e assistido no mundo, nosso time não pareceu dos mais fortes. Fez um gol lá pelo final do primeiro tempo e pronto. Foi isso.
Claro que a maior discussão no dia de hoje é sobre o jogo. Cada jogador, o técnico, a nutricionista, enfim, qualquer integrante da equipe técnica, todos foram de uma forma ou de outra criticados por alguém em algum escritório ou fábrica do país na hora do cafezinho.
O que me incomoda é que nada disso muda o fato de que às 4 horas da tarde de ontem tudo parou. Não estou reclamando, falando que o povo é preguiçoso ou qualquer coisa do gênero. Acho importante essa participação. E mesmo tendo sido um jogo morno, toda a empolgação que envolvia o trânsito, as ruas e as ilhas de cerveja dos mercados vai voltar a acontecer no domingo, no segundo jogo do Brasil nesse campeonato.
Admiro tudo isso, todo o patriotismo que surge no âmago de cada um de nós em época de futebol. Acho o máximo ir trabalhar e ver metade dos meus colegas transvestidos de verde-amarelo. Crianças que mal sabem falar brincando com a bandeira. Fogos de artifício no final do jogo. E principalmente o fato de que não importa o resultado, no próximo jogo toda essa excitação vai estar lá de novo, no coração de cada um de nós.
A minha preocupação é o fato de que, como disse no começo, brasileiro adora reclamar. E de política, ainda mais de que futebol. Há mais ou menos um ano e meio uma crise política se estende nas três esferas do poder. E o que eu vejo a minha volta é uma porção de reclamões que não querem aceitar a derrota anterior, e aproveitar o próximo jogo do torneio pra demonstrar o quanto se importa com este país. Desiludidos ou enganados, a grande maioria trata as eleições como uma obrigação trouxa, uma vez que nem um político presta mesmo.
Um desafio então. De hoje até o fim da copa, a primeira matéria que você deve ler vai ser sobre a eleição. E a última também. E no meio, tanto faz.
E no dia de votar, vamos tentar lembrar da emoção que sentimos por sermos brasileiros.
2 comentários:
Sabe que eu achei que o ufanismo típico da época da copa fosse me irritar, mas eu tb tô gostando de ver tudo com as cores da nossa bandeira. Parece que uma aura repentina de felicidade baixou sobre as pessoas, tá tudo mais leve! Quer coisa melhor do que, em plena terça-feira, todo mundo estar liberado às 15 hrs? Como disse um professor meu: antes o patriotismo brasileiro, que se dá pela bola, do que o americano, que é pela BOMBA, hehehehe!
Já com relação às eleições... Hmmm... Esse assunto dá muuito pano pra manga... Deixa pra gente conversar nos nossos "cafés filosóficos" pq senão esse comment vai ficar uma bíblia =)
Bjs
A grande diferença está na responsabilidade. Não votamos pra escolher os jogadores, assim como não sofremos diretamente reflexos pela perda/ganho de um jogo. Na verdade tudo isso não passa de uma GIGANTE fuga diária de nossos focos de vida. Já a política, tá tão distante e decepcionanete para todos que nem sei se vale a pena se preocupar.. um ano em que não teremos oposição, seja pra presidência ou pro governo do estado... isso é foda...
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